As nossas Companhias, num trabalho notável de adaptação à envolvente política, social e económica, reforçaram o foco na competitividade como forma de protegerem o poder de compra dos consumidores e, consequentemente, os volumes, resultando em 25,4 mil milhões de euros de vendas consolidadas, um aumento de 21,5% em comparação com 2021. Se é certo que a inflação também teve um papel impulsionador das vendas em valor, o nosso desempenho coletivo foi muito para além da pura aplicação matemática das taxas de inflação. Mantivemo-nos fiéis ao nosso compromisso de sermos uma força de combate à inflação, com as nossas Companhias a absorverem, nas suas margens, parte dos aumentos dos custos das mercadorias para não os transferirem integralmente para os preços de venda nas prateleiras. É também este esforço que fica refletido na redução de 0,3 pontos percentuais da margem EBITDA do Grupo face a 2021.
A Biedronka, que aumentou 24,1% as vendas em złoty, com um like-for-like de 20,6%, lançou a campanha Escudo Anti-inflação, com centena e meia de produtos com preços congelados durante a primeira metade de 2022, garantindo um aumento dos preços na prateleira bastante inferior à inflação alimentar na Polónia, que foi de 15,4% em 2022.
A Companhia avançou também com novas estratégias de reforço da conveniência, de alargamento da base de clientes e de aprofundamento da relação com os consumidores, lançando uma nova app que foi um êxito imediato, apostando nas compras online e nas entregas rápidas, e criando a Biedronka Home, uma loja online de produtos não-alimentares.
Também na Polónia, a Hebe manteve o seu percurso de crescimento assente na escolha criteriosa dos locais onde abre novas lojas e na evolução da plataforma digital, que vale 14% das vendas da Companhia. Já no final de 2022, as operações online arrancaram na Chéquia e na Eslováquia.
Em Portugal, onde a inflação alimentar atingiu uma média de 13% no ano, foi muito visível a forma como os consumidores reagiram à subida dos preços, assistindo-se a um notório movimento de trading down. Para dar resposta a esta tendência, o Pingo Doce esteve sempre focado em conter o efeito da escalada de preços sobre o poder de compra das famílias, mantendo uma intensa atividade promocional ao longo do ano. O resultado foi um crescimento de 11,2% nas vendas, com um like-for-like de 9,4%.
O Pingo Doce teve duas campanhas muito relevantes durante o ano, sempre focadas em preço: uma, lançada já no final de 2022, que recuperou os preços de 2021 numa série de produtos essenciais, e outra, com preços “trancados” durante os primeiros meses do verão.
Quanto ao Recheio, conseguiu aproveitar bem a intensa atividade do canal HoReCa gerada pela retoma do turismo. A assertividade comercial da Companhia permitiu que as vendas crescessem 27,7%. Um dos factos relevantes do ano foi a abertura de uma importante loja nova, com um modelo assente em soluções alimentares cada vez mais convenientes dirigidas ao mercado profissional da hotelaria e da restauração. O Recheio está também a cuidar do seu crescimento futuro no segmento do retalho tradicional e ultrapassou as 500 lojas Amanhecer em 2022.
Na Colômbia, a Ara voltou a apresentar uma muito forte dinâmica de crescimento, assumindo-se já como a terceira companhia mais relevante para o Grupo em termos de vendas, que cresceram 62,1% em pesos colombianos, com um like-for-like de 35,7% (a inflação alimentar no ano foi de 25%). A evolução da Ara foi impulsionada por dois eixos estratégicos: por um lado, o investimento em preço, qualidade e diferenciação da oferta; por outro lado, a aceleração da expansão física, com o número de aberturas no ano a superar significativamente o previsto no início de 2022.
Um marco histórico em 2022 foi a abertura da loja 1.000, em Cartagena de Índias, menos de uma década depois na nossa entrada na Colômbia. É exatamente agora, neste março de 2023 em que escrevo, que se completam dez anos desde a abertura da primeira loja Ara. Somos testemunhas do importante caminho de desenvolvimento que a Colômbia tem feito nestes anos, da sua evolução económica e da força das suas instituições, e estamos orgulhosos de crescer com o país e contribuir para a prosperidade do seu povo.
Os resultados globais que apresentamos, com um lucro de 590 milhões de euros (+27,5% face a 2021) e um EBITDA de 1.854 milhões de euros (+17%), no enquadramento em que operámos em 2022, refletem a gestão rigorosa e atenta a todos os níveis da nossa organização, e a transversalidade do nosso foco em proteger as posições de mercado e a relevância das nossas insígnias nos respetivos mercados. Para tal, contribuiu decisivamente o nosso elevado nível de compromisso com o investimento nos nossos negócios.