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O ano em revista

Mensagem do Presidente

Leia a mensagem de Pedro Soares dos Santos, Presidente do Grupo Jerónimo Martins.
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"Em 2018, o Grupo Jerónimo Martins voltou a bater todos os recordes de vendas por insígnia e enquanto Grupo, reforçando as posições de liderança nos mercados onde marca presença."

Caros Stakeholders,

2018 foi um ano que ficou claramente marcado, na esfera internacional, por uma escalada das tensões políticas e comerciais, que agravaram a incerteza e imprevisibilidade no mundo.

Nove em cada 10 líderes que responderam ao inquérito do World Economic Forum esperam para 2019 um agravamento dos confrontos políticos e económicos entre as principais potências. E, num horizonte de 10 anos, vêem os fenómenos climatéricos extremos e o falhanço das políticas de alteração climática como as ameaças mais fortes.

As políticas protecionistas norte-americanas e a guerra comercial EUA-China, com a imposição mútua de tarifas sobre as importações de milhares de bens e serviços, representam uma mudança profunda de paradigma nas relações económicas internacionais e terão um impacto negativo inevitável na Europa.

De facto, assistimos hoje ao que parece ser o fim do sistema comercial multilateral, baseado em regras, que se desenvolveu no pós-segunda guerra mundial e que foi responsável por um crescimento económico mundial sem precedentes.

A complexidade das cadeias de abastecimento num mundo globalizado e as inúmeras interdependências existentes entre as economias fazem com que nenhum país esteja imune aos perigos reais da desaceleração do crescimento económico e da subida dos preços.

"De facto, assistimos hoje ao que parece ser o fim do sistema comercial multilateral, (…) que foi responsável por um crescimento económico mundial sem precedentes."

O Fundo Monetário Internacional já veio alertar para os impactos da intensificação das tensões comerciais no crescimento das maiores potências comerciais, incluindo os próprios EUA e a China, e também a França, a Alemanha e a Inglaterra, esta última ameaçada também pela incerteza que rodeia ainda o Brexit, mais de dois anos passados sobre o referendo que lhe deu origem.

Em França, as subidas dos preços dos combustíveis e do custo de vida em geral, aliadas a uma reforma fiscal acusada de agravar as desigualdades sociais, estiveram na raiz do movimento dos “coletes amarelos”. Assumem-se como defensores de uma maior justiça económica em França, mas a violência dos seus protestos já redundou em quase 4.000 detenções, mais de 3.800 feridos – dos quais cerca de 1.000 são agentes da autoridade – e na morte de 15 pessoas.

Estando os dois principais mercados de Jerónimo Martins localizados na Europa, este cenário não pode deixar de preocupar-nos, como nos inquieta também, mesmo se de modo diferente, a situação ainda de desfecho incerto na Venezuela e o seu impacto sobre a vizinha Colômbia.

No momento em que escrevo esta nota, dezenas de países internacionais (incluindo Portugal, a Polónia e a Colômbia) reconheceram a legitimidade de Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e auto-proclamado presidente interino, que quer conduzir o país para uma transição pacífica através de eleições livres, legais e justas.  Mas a Rússia, a China, a Coreia do Norte, a Turquia e o Irão, assim como a maior parte das Forças Armadas venezuelanas, continuam a apoiar Nicolás Maduro.

Em Portugal, no terceiro ano de vigência do mandato da actual solução governativa – que junta os apoios parlamentares da esquerda composta pelo Partido Socialista, Bloco de Esquerda e Partido Comunista Português – liderada pelo primeiro-ministro socialista António Costa, a envolvente política foi marcada pelo fim da chamada paz social.

Após uma primeira metade do mandato em que o Governo se focou na devolução dos rendimentos e de condições de trabalho perdidas pelos portugueses durante os anos da crise (2010-2014), alguns sectores da sociedade consideraram terem sido preteridos em relação a outros.

Antecipando a realização, em 2019, de três actos eleitorais em Portugal (as Europeias, as legislativas a nível nacional e as eleições regionais da Madeira), a contestação social subiu de tom em 2018.

Como resultado, o número de pré-avisos de greves atingiu os 733, o equivalente a dois por cada dia do ano e o valor mais alto desde 2015, tendo sido consumados em greve efectiva cerca de 90% desses avisos. Entre os sectores que mais se destacaram, contam-se os estivadores, enfermeiros, médicos, professores e auxiliares de educação, funcionários de cantinas escolares, funcionários dos vários tipos de transportes públicos, dos registos e notariados, dos centros de atendimentos telefónico, dos juízes, oficiais de justiça e outros funcionários judiciais, para mencionar apenas alguns.

Mesmo neste contexto de instabilidade, em 2018, o Grupo Jerónimo Martins voltou a bater todos os recordes de vendas, por insígnia e enquanto Grupo, reforçando as posições de liderança nos mercados onde marca presença.

Novas Lojas (adições líquidas)
277
Número Total de Lojas
4.182

Com 4.000 lojas alimentares distribuídas por Portugal, Polónia e Colômbia e um universo superior a 108 mil colaboradores, voltámos a somar mais de mil milhões de euros às nossas vendas totais sobre o ano anterior e mantivemo-nos entre os maiores retalhistas do mundo, de acordo com ranking “Global Powers of Retailing”, elaborado anualmente pela consultora Deloitte, e que já vai na sua 22ª edição.

O volume de negócios consolidado do Grupo atingiu os 17,3 mil milhões de euros em 2018, mais 6,5% do que em 2017, impulsionado por um crescimento like-for-like de 3,1% bem como pela abertura líquida de 277 novas lojas.

Os resultados líquidos atribuíveis a Jerónimo Martins ascenderam a 401 milhões de euros, o que representa um crescimento de 4,1% em relação a 2017.

O Grupo manteve-se como um investidor relevante nos países onde detém actividades, com o montante de capex a atingir os 658 milhões de euros, dos quais 41% foram alocados à expansão e abertura de novas lojas e Centros de Distribuição, e o restante a ser canalizado para a normal manutenção das operações e a melhoria da experiência de compra.

A Biedronka absorveu 372 milhões de euros de investimento (57% do total do capex do Grupo) na abertura de 122 lojas (77 adições líquidas) e remodelação de outras 230, bem como nos trabalhos de melhoria da infraestrutura logística da operação, tendo terminado o ano com um parque de 2.900 localizações.

A Companhia continua a ver oportunidades interessantes para abrir lojas de proximidade e acredita que tem o formato certo, com a flexibilidade de layout necessária, para concretizar essas oportunidades.

Vendas
17.337 M€
EBITDA
922 M€
Investimento
658 M€
Resultado Líquido
401 M€

A nível económico, no ano em que comemorou o centenário da reconquista da sua independência, a Polónia apresentou um forte crescimento, com o respectivo Produto Interno Bruto (PIB) a crescer uns sólidos 5,1%, impulsionado pelo dinamismo do consumo interno que beneficiou dos aumentos salariais e da queda da taxa de desemprego para o mínimo histórico de 6,1%.

A Biedronka celebrou, com o país, o importante aniversário histórico, iniciando uma era de investimento social, que se traduziu, neste primeiro ano, numa parceria nacional com a Caritas Polska para distribuir mais de 5.000 cartões pré-pagos, para compra de alimentos, entre os idosos mais carenciados da Polónia.

Em termos operacionais, 2018 ficou marcado pela entrada em vigor de legislação que limita a abertura das lojas de retalho ao domingo. Com menos 21 dias de vendas no ano, a Biedronka concentrou-se em garantir a máxima transferência de vendas dos domingos encerrados para outros dias da semana, protegendo em simultâneo a eficiência das operações de loja e dos armazéns.

A insígnia ajustou também a sua actividade promocional por forma a manter a atractividade para os clientes e a aumentar o valor do seu ticket médio nos restantes dias da semana. A prova da resiliência e do acerto da estratégia implementada pela Companhia encontra-se no crescimento de 5,6% do volume de negócios para os 11,7 mil milhões de euros. Em moeda local, as vendas cresceram 5,8%, impulsionadas pelo LFL de 2,7% e pelo plano de abertura de lojas.

"A Biedronka celebrou, com o país, o importante aniversário histórico, iniciando uma era de investimento social, que se traduziu, neste primeiro ano, numa parceria nacional com a Caritas Polska para distribuir mais de 5.000 cartões pré-pagos, para compra de alimentos, entre os idosos mais carenciados da Polónia."

Em Portugal, o Retalho Alimentar cresceu e manteve-se muito competitivo e promocional, com o consumidor a reagir positivamente às campanhas realizadas.

Em linha com os anos anteriores, o Pingo Doce reforçou a sua posição de mercado, alavancando de forma inovadora a sua capacidade promocional num dos pilares estratégicos de diferenciação – os Frescos. Esta nova dinâmica introduziu um regime de promoção mensal em vez de semanal, abrangendo uma enorme variedade de produtos. Manteve-se também a dinâmica das acções temáticas ao longo do ano.

Como resultado, as vendas totais cresceram 4,6% para 3,8 mil milhões de euros, revelando um desempenho notável ao nível do crescimento de 3,5% do LFL (excluindo combustível), a que se juntou a abertura de 10 novas lojas, oito das quais sob o conceito de conveniência Pingo Doce & Go.

Já o mercado Grossista voltou a ser dinamizado pelo sector do turismo. Neste contexto, a força da proposta comercial do Recheio permitiu-lhe beneficiar igualmente de um ambiente de consumo favorável, ajudando, assim, o segmento dos Hotéis, Restaurantes e Cafés.  As vendas aumentaram 4% para os 980 milhões de euros, com um like-for-like de 4,4%. A Companhia fechou o ano com menos uma loja, terminando o mês de Dezembro com 42 localizações.

O segmento de Food Service reafirmou-se como um dos motores de crescimento da Companhia,  tendo apresentado um crescimento de mais de 15%. O projecto Amanhecer cresceu organicamente, atingindo as 329 lojas parceiras, enquanto o segmento da Exportação conseguiu alargar o seu âmbito de actuação, com a entrada em novos mercados.

No que respeita os negócios ainda não lucrativos do Grupo, e apesar do impacto significativo da proibição de comércio aos domingos e de uma presença mais forte das categorias de Saúde e Beleza nos supermercados e discounters na Polónia, a Hebe viu as suas vendas crescerem 25% em 2018. Quando convertidas em euros, as vendas aumentaram 24,7% para os 207 milhões de euros, um desempenho que confirma que a sua proposta de valor se adequa ao mercado polaco e tem potencial para entregar valor no futuro próximo.

A Hebe conseguiu assim reforçar novamente a sua quota de mercado, tendo aberto 51 novas lojas (48 adições líquidas) e terminado o ano com uma rede total de 230 localizações, sendo a cadeia com maior crescimento no sector polaco da Saúde e Beleza e Cuidado Pessoal.

Na Colômbia, onde se realizaram eleições presidenciais que elegeram Iván Duque como o sucessor de Juan Manuel Santos, os sinais de estabilidade mantêm-se. O novo Governo pretende dar continuidade à receptividade e encorajamento do investimento privado e também a um conjunto de programas sociais iniciados pelo Executivo anterior.

Ao longo do ano, a Ara focou-se em alcançar ganhos de dimensão que lhe permitam, não só maximizar o seu efeito de escala, como também conquistar uma cada vez maior relevância no mercado colombiano.

Estes passos revelam-se fundamentais para o crescimento da densidade de vendas, com a oferta de melhores produtos e de maior valor acrescentado que contribuam também para o desenvolvimento de um mix de margem mais interessante, fundamental no caminho da rentabilidade.

Assim, a nossa cadeia colombiana de lojas de proximidade abriu 143 lojas em 2018, a um ritmo de uma nova localização a cada 2 dias e meio – num investimento que totalizou os 118 milhões de euros -, tendo fechado o ano com 532 lojas.

A Ara inaugurou ainda mais um Centro de Distribuição na região da Grande Bogotá, contando já com quatro unidades logísticas na Colômbia. As suas vendas atingiram os 599 milhões de euros, 47,9% acima do verificado em 2017. A taxa de câmbio constante, as vendas cresceram 53,9%.

Em conjunto, a Ara e a Hebe registaram, ao nível do EBITDA, perdas combinadas de 80 milhões de euros, valor que compara com perdas de 85 milhões de euros no ano anterior. A Ara foi responsável por cerca de 90% das perdas geradas, tendo, em moeda local, estabilizado este valor em relação ao ano anterior.

A Hebe, tal como esperado, registou uma redução das perdas geradas ao nível do EBITDA, embora o desempenho tenha sido impactado, em 2018, pela lei que restringe as aberturas de lojas aos domingos.

O EBITDA consolidado do Grupo como um todo cresceu 4,1% para os 960 milhões de euros, com a respectiva margem a fixar-se nos 5,5%, enquanto a solidez do balanço do Grupo se manteve inquestionável, com a dívida líquida a atingir os 80 milhões de euros e que se reflecte num gearing de uns meros 3,9%.

Estes resultados assumem especial relevância se considerarmos que o Grupo continuou a rever em alta os pacotes remuneratórios e as políticas de compensação dos seus colaboradores, nos três países.

Com base nesta situação financeira, o Conselho de Administração de Jerónimo Martins proporá à Assembleia Geral de Accionistas o pagamento de um dividendo de cerca de 204 milhões de euros relativo aos lucros do exercício de 2018. Esta proposta corresponde a um payout de 50% que se encontra em linha com a política de dividendos em vigor.

No Grupo Jerónimo Martins continuamos a acreditar que a nossa primeira responsabilidade é sermos rentáveis, pois só isso nos permite criar valor em todas as frentes. Acreditamos que a rentabilidade tem de andar de mãos dadas com a responsabilidade e, por isso, conduzimos os nossos negócios por forma a serem uma força de transformação positiva nas sociedades e comunidades onde operamos.

Em 2018, e em reconhecimento do desempenho em mais de 300 indicadores sociais, ambientais e de governance, o Grupo não só manteve a inclusão no índice Euronext Vigeo-Eiris Eurozone 120, como também foi incluído, pela primeira vez, no índice Euronext Vigeo-Eiris Europe 120, sendo o único retalhista português a figurar neste índice.

"Acreditamos que a rentabilidade tem de andar de mãos dadas com a responsabilidade e, por isso, conduzimos os nossos negócios por forma a serem uma força de transformação positiva. "

Para além disso, manteve a sua presença nos demais índices de sustentabilidade internacionais, como o FTSE, o Ethibel, o MSCI ou o Stoxx, e entrou, pela primeira vez, para a 181ª posição do Equileap Top 200, que reconhece as companhias cotadas com mais provas dadas em matéria de equilíbrio de género no local de trabalho e justiça económica para as mulheres.

Orgulhamo-nos de que os nossos esforços para equilibrar desempenho no curto prazo e sustentabilidade no longo prazo continuem a merecer o apoio e o reconhecimento dos nossos accionistas, e em particular do  nosso accionista maioritário.  A todos agradeço a confiança e, em nome da Gestão, reafirmo o nosso compromisso e dedicação à missão de, nestes tempos de incerteza e complexidade, continuar a conduzir o Grupo Jerónimo Martins no sentido do crescimento rentável e sustentável.

Por fim, uma nota de apreço aos meus colegas no Conselho de Administração que contribuem, com a sua visão, experiência e confiança, para a força do nosso desempenho e a vontade das equipas de fazerem sempre mais e melhor.

Pedro Soares dos Santos

Presidente e Administrador-Delegado

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